quarta-feira, 16 de julho de 2008
Budismo Tibetano
ntrodução ao Budismo Tibetano
S.S. o XlV Dalai Lama (*)
Meus irmãos e irmãs espirituais, vou começar fazendo uma oração às Três Jóias do budismo. A primeira, o Buda Sakiamuni, uma oração de louvor a ele, oração que nos faz recordar sua sabedoria, sua compaixão e sua energia. Após, à segunda Jóia, o Darma, os ensinamentos do Buda Sakiamuni, e à terceira Jóia, a Sanga, os seus seguidores.
As pessoas aqui presentes que porventura conheçam esta oração, por favor, juntem-se a mim. Aqueles que não a conhecem mas que se consideram budistas podem se recordar das qualidades do Buda enquanto a oração é feita. E, enfim, aqueles que não se consideram budistas, fiquem apenas assistindo. (...)
Gostaria agora de poder cantar o Sutra do Coração, mas cantarei apenas o mantra que corresponde ao Sutra do Coração, pois não temos tempo suficiente para recitá-lo por inteiro. Este sutra é um dos mais importantes dentro da divisão mahaiana do budismo, importante não apenas no Tibete, mas também na China, no Japão, na Coréia. Este sutra está ligado ao significado da vacuidade e chama-se Prajna Paramita. (...)
Com estas recitações nós procuramos criar uma motivação adequada. Todas as ações humanas, quer positivas, quer negativas, dependem da motivação que a informam. Quando um ensinamento religioso é dado, tanto a pessoa que está dando este ensinamento, quanto aquelas que estão recebendo, devem primeiramente desenvolver uma motivação correta. Esta motivação deveria ser o altruísmo.(...)
O Budismo é uma das antigas religiões que apareceram na Índia. Dentre estas, vamos encontrar dos grupos: O primeiro grupo é o das religiões que se voltaram basicamente para uma única existência, num único período de vida; o segundo grupo corresponde às mais preocupadas com a sucessão de vidas. Para estas religiões do segundo grupo, era possível a teoria do renascimento.
Dentre as religiões que aceitavam a idéia do ciclo sucessivo de vidas, vamos encontrar algumas que também apresentam a idéia de um Criador, e outras que não aceitavam o conceito de Criador.
Dentre aquelas religiões que não aceitam a idéia de Criador, também vamos encontrar duas categorias. A primeira são aquelas que aceitam a existência da alma como algo permanente, e a segunda, são aquelas que não aceitam esta proposição. O budismo é justamente aquela antiga religião indiana que não aceita nem o conceito de Criador, nem o conceito de existência permanente da alma.
Esta presente era que nós vivemos é chamada de "Era dos Mil Budas". Dentro dela, três Budas já vieram e já se foram. O quarto Buda é o Buda Sakiamuni, que vocês provavelmente conhecem e cujos ensinamentos ainda permanecem vivos na Terra. Depois dele aparecerão ainda novecentos e noventa e seis Budas.
A lei de causa-e-efeito tanto pode conduzirao sofrimento, quanto à felicidade
Falando de uma perspectiva histórica, o Buda Sakiamuni era um príncipe indiano. Na primeira parte de sua vida morava cercado de todos os confortos e prazeres que a vida é capaz de nos oferecer a um nível mundano. Também tinha uma esposa e um filho. Num dado momento de sua vida, tomou contato com alguns aspectos negativos da vida humana que o perturbaram intensamente: a velhice, a doença e a morte. Também teve a oportunidade de ver alguns praticantes, algumas pessoas santificadas. Isso fez com que, ao passar do tempo, ele abandonasse a vida mundana, se tornasse monge, e por seis anos se dedicasse a práticas meditativas extremamente rigorosas. Com isso pôde atingir o estado búdico, a iluminação. Começou então a ensinar, baseando-se em sua experiência pessoal.
Seu primeiro ensinamento foi dado na cidade de Sarnat, na Índia, e tratou das Quatro Nobres Verdades. Esses ensinamentos constituem o fundamento de todos os budistas que, sem distinção, os aceitam integralmente.
Dentro do budismo, vamos encontrar diferentes escolas de pensamento. Temos a escola do Sul, a escola do Norte (ou hinaiana) e a escola mahaiana. Os três principais ensinamentos do Buda são chamados de os Três Giros da Roda do Darma.
No primeiro giro tivemos os ensinamentos das Quatro Nobres Verdades, no segundo, os ensinamentos ligados ao Prajna Paramita Sutra, que é a perfeição da sabedoria. O Prajna Paramita vai apresentar uma explicação bastante elaborada da terceira das Quatro Nobres Verdades, a da Cessação do Sofrimento. No terceiro giro da Roda do Darma, vamos encontrar uma apresentação elaborada da Quarta Nobre Verdade, o caminho que leva à cessação do sofrimento. Vemos que o segundo e terceiro giros da Roda do Darma estão ligados ao primeiro giro, que foi a apresentação das Quatro Nobres Verdades.
Quais são estas Quatro Nobres Verdades? Temos a Verdade do Sofrimento, a Verdade das Causas do Sofrimento, a Verdade da Cessação do Sofrimento e a Verdade do Caminho a ser seguido para se alcançar a Cessação Permanente do Sofrimento.
E por que esses ensinamentos foram apresentados sob esta forma de Quatro Nobres Verdades? Porque todos os seres sencientes — dentre os quais nós, humanos — almejam a felicidade e querem se afastar do sofrimento. Acontece, porém, que tanto a felicidade quanto o sofrimento dependem de causas e condições: da Lei de Causa-e-Efeito.
Nós , enquanto seres humanos, queremos afastar de nós o sofrimento, mas para que possamos fazer isso precisamos conhecer as causas do sofrimento e, também, se é possível superá-las, sem o que não teremos sucesso. Esse é o tema das duas primeiras Nobres Verdades: a Verdade de Existência do Sofrimento e a Verdade das Causas do Sofrimento.
Para os budistas, a lei de causa-e-efeito é básica. O budista vai estudar essa lei e ver o seu aparecimento nos fenômenos que constantemente surgem e desaparecem, na transformação contínua de tudo. Essa transformação é possível porque as experiências baseiam-se em fatores, não surgem do nada, surgem sob dependência. Uma decorrência dessa teoria, para os que a aceitam, é a de que não existe um Criador. As coisas não acontecem por desígnio de um Criador, e sim sob a dependência de suas causas e condições.
Todas as ações estão ligadas às motivações sutis cujo exame é essencial dentro do budismo.
O Buda explicou que a lei de causa-e-efeito se manifesta tanto na vertente negativa, que leva ao sofrimento, quanto na vertente positiva, que leva à felicidade. Em ambos os casos, essa lei se manifesta dentro de um determinado padrão, os Doze Elos da Cadeia de Originação Interdependente; cada elo influenciado e determinado pelo elo que o antecede. Percorrendo-os em um sentido, vamos ao sofrimento, no sentido inverso, à felicidade.
O primeiro elo da cadeia é a ignorância, o segundo o carma, e assim vamos progredindo até chegarmos ao décimo-primeiro — o nascimento — e ao décimo-segundo — a velhice e a morte. Se formos do primeiro ao décimo-segundo, isto nos leva ao sofrimento. Se viajamos de forma inversa, ou seja, para superar a velhice e morte, superamos o nascimento, e assim vamos superando a ignorância. Mas como implementar em nossas vidas estas Quatro Verdades?
Se queremos superar o sofrimento de forma permanente, precisamos fazer muito esforço, o que exige determinação. Para termos determinação, precisamos clareza quanto a meta. Quando focamos a meta e reconhecemos os benefícios que daí podem decorrer, adquirimos a determinação e isso nos leva a envidar esforços. No budismo, a compreensão clara dos benefícios da meta está ligada à nossa própria compreensão, a visão das desvantagens, de toda a infelicidade de estar imerso nessa existência samsárica. Se convencidos disso, se examinamos o sofrimento, reconhecemos suas causas, entendemos a possibilidade de superá-lo e visualizamos claramente o estado de cessação do sofrimento — a felicidade permanente — então vamos ter determinação e, por conseqüência, vamos empreender todos os esforços necessários para atingir esta meta.
Dentro desta perspectiva, é importante examinar e conhecer o sofrimento. Segundo o budismo, existem três tipos de sofrimento. O primeiro é o sofrimento do sofrimento, é o que todos conhecemos na forma de doenças físicas, dor de cabeça, desconfortos físicos, etc. O segundo tipo de sofrimento é chamado de sofrimento da mudança. Muitas experiências que temos aqui no mundo, aparentemente são bastante prazerosas e elas nos atraem. Porém, à medida que nos envolvemos com essas experiências, muitas vezes elas nos trazem frustração. Essas experiências, aparentemente atraentes, são, de alguma forma, permeadas pelo sofrimento, na medida em que seus aspectos se transformam. Este é sofrimento da mudança. O terceiro tipo de sofrimento é o nascimento. Esse é, na verdade, a base, a causa de todos os tipos de sofrimento. Enquanto temos o nascimento influenciado pelo apego e ignorância, temos uma existência que vai estar sendo permeada de sofrimento.
"Vacuidade" não que dizer "vazio", aquilo que é "oco", mas interdependência
Quanto às causas, são de dois tipos. A primeira é o carma, que quer dizer ação. De modo geral, para que as coisas aconteçam neste mundo, é necessário uma ação. Por exemplo, se você quer tomar chá, precisa praticar vários atos que possibilitem isso: comprar a erva, arrumar uma xícara, preparar a água, etc., até que, enfim, esteja em condições de bebê-lo. Essas ações, como toda e qualquer ação, tem seus resultados; esta é a lei do carma.
Existem ações que frutificam de imediato; outras, porém, frutificam em alguns meses ou anos, ou depois de várias vidas, ou mesmo depois de várias eras, mas apesar do tempo que possa mediar, sempre haverá uma correspondência entre a ação e seu fruto.
Não há tempo aqui para falar sobre os diferentes tipos de ações e de causas. Na verdade, há no budismo uma elaboração detalhada e sofisticada disso. A grosso modo, no entanto, poderia dizer que existem dois tipos de ação: as positivas e as negativas. As negativas são as que conduzem ao sofrimento; muitas vezes no Ocidente são chamadas de "pecados". As ações positivas são as que levam à felicidade.
Todas as ações estão ligadas às motivações que lhe deram causa. O exame da motivação é essencial dentro do budismo. Se a motivação for o apego, a raiva, o ódio, a ignorância, a inveja, a ação que vai seguir tenderá a ser uma ação negativa. Mesmo ao praticarmos uma ação aparentemente positiva, se a motivação não for correta, isto afeta a qualidade da ação. Por exemplo, uma pessoa tem fé no Buda, mas, na verdade, não conhece de fato a ação. Por exemplo, uma pessoa tem fé, ou seja, é ignorante. Se a sua motivação é a ignorância, ela não vai poder colher frutos dessa fé, e vai ainda permanecer presa no ciclo de existência — samsara. Vários são os tipos de motivação negativa, mas todos esses tipos se originaram de uma única fonte, a ignorância. Poderíamos dizer que, em última análise, a ignorância é o tipo de motivação que dá causa ao samsara, que dá causa a todo o sofrimento.
Conhecer a fundo a ignorância é difícil, complexo, a ignorância se apresenta de diferentes formas. Para conhecê-la em suas formas mais sutis é necessário conhecer a natureza última da realidade, que é também um conhecimento bastante sutil. Por isso, dentro do budismo encontramos textos como o Prajna Paramita, a Perfeição da Sabedoria, que trata justamente disso. O conhecimento da ignorância no seu nível mais sutil está intimamente relacionado ao conhecimento da cessação do sofrimento e, portanto, para entendermos esses níveis mais sutis da ignorância, precisamos entender este conceito de cessação.
Para conhecermos a fundo esta verdade, que é a Terceira Nobre Verdade, a cessação do sofrimento, é preciso examinar as apresentações que são feitas pelas quatro principais escolas de pensamento budista, Vaibhashika, Sautrantika, Chittamatra e Madhyamika, e suas sub-escolas. De todas, a escola Madhyamika, e dentro desta a sub-escola Prasangika, parece-nos a mais profunda.
A qualidade unidirecionada da mente, é inseparável da conduta, "Sila".
Como poderemos chegar à completa eliminação da ignorância e à completa compreensão da realidade última da existência, que propicia a cessação de todo sofrimento? Nessa busca começamos examinando a realidade última da existência, passamos à eliminação das emoções negativas e, por fim, à eliminação da ignorância — o que vai nos apresentar esta verdade última. Quando esse trabalho investigativo é realizado tendo por objetivo a verdadeira natureza da mente, ou seja, tomando por objeto a própria natureza última e não algum outro fator da existência, focando a própria mente, trilha-se o caminho da verdadeira cessação final de todo o sofrimento.
Falo aqui da natureza última da existência ou da verdade última da existência; dentro deste conceito vai surgir a noção de duas verdades, a que corresponde à natureza última da existência, e a relativa que se contrapõe à primeira. Esta apresentação da verdade em dois níveis não é particular do budismo, vamos encontrá-la em outras religiões da Índia, e essa divisão é aceita pelas quatro escolas de pensamento budista. Para o que segue vou utilizar o enfoque da escola que havia referido como sendo a mais profunda de todas, a escola Prasangika-Madhyamica.
Em poucas palavras, a verdade última da existência, segundo o budismo, é Sunya, ou a vacuidade. Porém, "vacuidade" não quer dizer "vazio", aquilo que é "oco", mas sim que todos os fenômenos, todas as coisas, existem sob dependência ou interdependentemente, e não por si mesmas. Por esse motivo, porque nada existe por si só mas por dependência, cada fenômeno, isoladamente considerado, é, em última instância, vazio. Assim, quando temos a ausência dessa independência da existência, temos a experiência da vacuidade.
De modo geral os seres não conhecem esses níveis sutis de ignorância; isso faz com que certas predisposições apareçam e se tornem mais enfáticas, vindo até mesmo a aparecer de forma mais violenta, num ciclo sucessivo de renascimentos, até que temos, a partir disso, estados mais néscios de ignorância. Porém, a ignorância, seja ela qual for, por mais sólida que pareça aos nossos olhos, em última análise é apenas ilusão. A ignorância está construída sobre premissas falsas e, por isso, pode ser dissipada através da investigação e da meditação. Ao mesmo tempo, não temos familiaridade com esses níveis sutis de conhecimento, a compreensão da ignorância em seu nível mais sutil. Ainda que haja essa dificuldade, podemos fazer um esforço para nos familiarizarmos com essa experiência, para investigarmos essas questões, para meditarmos sobre sunya, a vacuidade. Portanto, é como se houvesse uma balança com dois pratos, o negativo e o positivo. À medida que se vai cultivando o positivo, este prato vai subindo e o prato negativo vai descendo, até chegar a uma situação em que toda a emoção negativa, toda a visão equivocada vem a ser eliminada por completo. Esta é a verdade da cessação.
O budismo tibetano inclui o hinaiana, o mahaiana e o tantraiana
Falando agora da Quarta Verdade, que é o caminho que leva a cessação, muitos métodos existem no budismo; vou falar de dois, os principais. Antes de tudo precisamos desenvolver a compreensão, a sabedoria que compreende a vacuidade, Vipassana. Para alguém desenvolver isso, e adquirir os instrumentos para usar essa sabedoria, precisa desenvolver uma capacidade de concentração de mente, precisa ter uma mente unidirecionada. Hoje somos vassalos de nossa mente, ela nos controla, mas podemos nos desenvolver até um ponto em que nossa mente fique na posição onde a coloquemos e que se torne possível usá-la para a penetração profunda em um tema ou objeto de meditação. Esta qualidade, este treinamento da mente se chama "Shamatha". Para podermos desenvolver essa qualidade unidirecionada da mente, precisamos ter moralidade, auto-disciplina, a conduta é importante, é inseparável, o que é chamado "Sila".
Essas Quatro Nobres Verdades compõe a base do budismo, e são assim aceitas por todos os budistas, mas há um segundo desenvolvimento no budismo, o mahaiana. O mahaiana se assenta sobre essa base, mas adiciona dois conceitos importantes: o conceito das Seis Perfeições e Bodhicitta, o Altruísmo Universal. Há ainda um terceiro nível, o mantraiana ou tantraiana que, aceitando os dois primeiros níveis, vai introduzir outras práticas; práticas que envolvem visualizações, deidades e mandalas.
O budismo tibetano como tal inclui esses três grandes grupos do budismo, o hinaiana, o mahaiana e o tantraiana.
domingo, 29 de junho de 2008
Semelhanças entre Buda e Jesus
É dito que Buda nasceu de uma virgem, e ao nascer ele caminhou e andou e por onde pisava nasciam flores de lótus. Tanto Buda quanto Jesus passaram por tentações e procuraram divulgar um ensinamento baseado na compaixão.
Sobre o termo Cristo: como muitos aqui devem saber, Cristo não é o sobrenome de Jesus, mas assim como Buda foi atribuído a Sidharta, o titulo Cristo foi atribuído a Jesus. Sou tradutora, e como estudante de tradução não pude deixar de notar que o termo Khristos em grego é semelhante a Krishna, e ambos tem uma significação de algo relacionado à luz.
Voltando à Questão de Deus, enquanto o budismo fala sobre uma VIDA UNA que a tudo permeia, o cristianismo fala 'deus está dentro de vós e em todas as coisas' (no evangelho de Tomé por exemplo)
enquanto o budismo fala "A semente búdica habita o coração de todos os seres e todos podem tornar-se budas" o cristianismo fala (nas cartas de são Paulo) "Cristo EM VÓS é a esperança da glória... Que o discípulo torne-se como o mestre"
No cristianismo temos os 10 mandamentos, no budismo temos os 5 preceitos, que são bastante semelhantes:
# não matar
# não roubar
# não ter relações sexuais ilícitas (isso é, adultério, estupro, orgias)
# não dar falso testemunho
# não uso de drogas e álcool (substâncias entorpecentes em geral).
Breve analogia entre Buda e Jesus:
Buda:" É mais fácil ver os erros dos outros que os próprios; é muito difícil enxergar os próprios defeitos. Espalham-se os defeitos dos outros como palha ao vento, mas escondem-se os próprios erros como um jogador trapaceiro"
Jesus: "Por que olhas o cisco no olho de teu irmão e não vês a trave no teu? Como ousas dizer a teu irmão: 'Deixa-me tirar o cisco de teu olho, pois sei corrigir teu erro de visão'? Hipócrita, tira primeiro o engano de tua visão, e só então poderás tirar o cisco de teu companheiro".
Buda: "Não importa o que um homem faça, se seus atos servem à virtude ou ao vício, tudo é importante. Toda ação acarreta frutos"
Jesus: "Não pode a árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar bons frutos. Porventura colhem-se figos de espinheiros ou ervas de urtigas? Toda árvore se conhece pelos frutos".
Buda:"A pessoa má fala com falsidade, acorrentando os pensamentos às palavras. Aquele que fala mal e rejeita o que é verdadeiramente justo não é sábio".
Jesus: "O homem bom tira coisas boas do tesouro do coração, e o mau retira coisas más, pois a boca fala do que está cheio o coração.
terça-feira, 24 de junho de 2008
Nobre Verdade da Senda que Leva à Extinção do Sofrimento
Nobre Verdade da Senda que Leva à Extinção do Sofrimento
Os dois extremos e a Senda do meio. Os prazeres sensuais, o comum, o vulgar, o mundano, sem qualquer sentido para o progresso na Senda espiritual. Ou:
A mortificação do corpo que é dolorosa e também sem vantagem qualquer para a vida santa.
Ambos estes extremos, o iluminado evitou e descobriu a Senda Média, a qual propícia qualquer um ver e a compreender, leva à paz, ao discernimento, a iluminação e ao NIBBANA.
E qual é a Senda do Meio? É a nobre Senda Óctupla:
1) Palavra Correta
2) Ação Correta
3) Meio de Vida Correto
(Moralidade)
4) Esforço Correto
5) Plena Atenção Correta
6) Concentração Correta
(Concentração)
7) Correta Compreensão
8) Correto Pensamento
(Sabedoria)
Livre da dor e tortura é esta Senda, livre de lamentos e sofrimento uma Senda perfeita. Verdadeiramente, como esta Senda não existe outra para a purificação dos seres. Se você seguir está Senda porá fim ao sofrimento. Mas cada um tem que lutar por si próprio, o iluminado apenas aponta o caminho.
1) Palavra Correta
a) Abster-se de mentir e de Caluniar.
b) Abster-se de levar e de trazer conversas que causem desarmonia e discórdia.
c) Abster-se de palavras pesadas, duras e ofensivas.
d) Abster-se de tagarelice e de conversas frívolas.
2) Ação correta
a) Abster-se de destruir os seres vivo, isto é, não matar.
b) Abster-se de pegar para nós aquilo que não nos pertence, isto é, não roubar.
c) Abster-se de errôneo comportamento sexual ( infidelidade, adultério etc.)
d) Abster-se de tóxicos e de bebidas alcoólicas que entorpeçam a mente.
3) Meio de vida correto
Abster-se de profissões como:
a) caçador, pescador, abatedor;
b) comércio de armas e drogas, bebidas, cigarros etc.
O meio de vida deve ser honesto, para o bem comum e nunca prejudicando e explorando nosso semelhante.
4) Esforço Correto
a) O Esforço de evitar o mal.
b) O Esforço de superar o mal.
c) O Esforço de fazer surgir o bem.
d) O Esforço de manter e de desenvolver o bem.
5) Plena Atenção Correta
a) Atenção sobre o corpo
b) Atenção sobre as sensações.
c) Atenção sobre os estados de consciência.
d) Atenção sobre os objetos da mente.
6) Concentração Correta
A concentração é a mente unipolarizada, isto é: mente voltada para um único ponto.
Existem cinco obstáculos para o desenvolvimento da concentração:
l - Sensualidade (luxúria)
II - Raiva, ira, ódio.
III - Sonolência, preguiça e torpor.
IV - Agitação e preocupação.
V - Dúvida
7) Correta Compreensão
a) Compreender as quatros nobres verdades.
b) Compreender as três características da existência.
c) Compreender as ações meritórias e a raiz dessas ações.
d) Compreender as ações demeritórias e a raiz dessas ações.
a) As Quatros Nobres Verdades
O homem comum, desprovido de correta compreensão, é ignorante dos ensinamentos dos homens Santos e não é treinado na nobre doutrina. Seu coração é possuído e dominado pela:
1) Ilusão da existência de um eu;
2) Pela dúvida;
3) Pelo apego e meras regras e rituais;
4) Pelo desejo sensual;
5) Pela raiva.
E como livrar-se destas coisas ele não sabe! Não sabendo o que é digno de considerações e o que é indigno (para libertar-se desses cinco grilhões) ele acaba considerando justamente o que é indigno e não o que é digno.
E pela ignorância ele se preocupa e reflete dessa maneira:
O mundo é eterno ou temporal? Finito ou infinito? O princípio vital é idêntico ao corpo ou alguma coisa diferente? O Buda continuará depois a morte ou não? Eu existi no passado ou não existi numa vida passada? O que eu fui na vida passada? Quem eu fui na vida passada? Eu existirei numa vida futura ou eu não existirei numa vida futura? Eu sou ou eu não sou? O que sou eu? Como sou eu? Este ser, de onde ele veio, para onde vai? "Sábias" Considerações!
O instruído e nobre discípulo entretanto, que sabe os ensinamentos dos homens Santos e é bem treinado na nobre doutrina; compreende o que é digno de consideração e o que é indigno. E assim sabendo, ele considera o digno e não o indigno.
O que é sofrimento, ele sabiamente considera.
O que é a origem do sofrimento, ele sabiamente considera.
O que é a extinção do sofrimento, ele sabiamente considera.
Qual é a Senda que leva a extinção do sofrimento, ele sabiamente considera.
b) As três características da existência são:
1) Impermanência
2) Insatisfatoriedade
3) Impessoalidade
O corpo é impermanente, as sensações, são impermanentes, as percepções são impermanentes, as formas mentais são impermanentes, e as consciências são impermanentes. E tudo o que é impermanente é sujeito ao sofrimento e mudança, não se pode corretamente dizer:
isto pertence a mim,
isto sou eu,
isto é o meu ego.
Assim como a bolha d’água é oca, vazia e insubstanciável, da mesma forma todos os fenômenos psíco-físicos são também ocos, vazios e sem um ego.
c) As ações Meritórias são de três tipos:
1) Pelo corpo, o mesmo que ação correta.
2) Pelo o verbo, o mesmo que Palavra Correta.
3) Pela mente, o mesmo que Pensamento Correto.
Quais são as raízes das Ações Meritórias:
1) Renúncia
2) Desapego
3) Boa vontade
4) Benevolência
5) Generosidade
6) Moralidade
7) Meditação
8) Reverência, gratidão e respeito
9) Serviço inegoísta ao próximo
10) Transferência de mérito
11) Alegrar-se com o sucesso e o mérito de outros.
12) Ouvir o Dhamma (Doutrina)
13) Expor o Dhamma
14) Ter corretos pontos de vista e correta compreensão
15) Gratidão
16) Respeito.
As Ações Demeritórias são também de três tipos:
1) Pelo corpo: destruir seres vivos roubar e explorar, adultério, ingerir tóxicos e bebidas alcoólicas.
2) Pelo verbo: mentir e caluniar, levar e trazer conversas, palavras pesadas, duras e ofensivas, tagarelice e conversas frívolas.
3) Pela mente: cobiça-egoísmo, vaidade, má vontade, ódio e raiva, errôneos pontos de vista
As raízes das Ações Demeritórias são:
Cobiça, ódio, ilusão ou ignorância, egoísmo. .
8) Pensamento Correto
São todos os pensamentos baseados na renúncia e desapego, tais como:
Boa vontade, benevolência e amor.
Bondade e camaradagem.
Correta compreensão e corretos pontos de vista.
Todo pensamento que for motivado pela Cobiça, Ódio, ilusão e ignorância, egoísmo, vaidade, inveja etc. Serão necessariamente pensamentos incorretos.
Que todos os seres que estejam em sofrimento, possam se libertar do seu sofrimento.
Que todos os seres que estejam inseguros e com medo, possam se libertar de sua insegurança e do seu temor.
Que todos os seres que estejam tristes e em lamento, passam se libertar de sua tristeza e da sua lamentação.
Pela realização dessas afirmações que todos os seres, sem nenhuma exceção, possam se sentir verdadeiramente muito bem e muito felizes.
Gassho
Possa ser esse para o bem de todos os seres.
fonte:www.budismosimples.kit.net
domingo, 15 de junho de 2008
OM MANI PADME HUM
Novamente, o mantra OM MANI PADME HUM. A versão que considero o melhor cântico pode ser (obrigado pela dica, Shirley).
no link : download
Abaixo segue um trecho sobre Chenrezig (imagem) e seu mantra, traduzido do livro "The Heart Treasure of the Enlightened Ones", de Dilgo Khyentse Rinpoche. É um comentário belíssimo, fundamental, sobre os versos de Patrul Rinpoche conhecidos como "The Practice of View, Meditation and Action - A Discourse Virtuous in the Beginning, Middle and End"
22. Ah! Fonte da compaixão, meu lama-raiz, Senhor Chenrezig,
Você é meu único protetor!
O mantra de seis sílabas, essência de sua fala, é o Dharma sublime;
De agora em diante, não tenho nenhuma esperança a não ser você!
Chenrezig é um buda completamente iluminado que, para beneficiar os seres, toma a forma de um bodhisattva. Todos os budas têm apenas uma natureza, e sua compaixão é personificada em Chenrezig. Como personificação da compaixão de todos os budas, Chenrezig é ao mesmo tempo a fonte de todos os budas e bodhisattvas, já que a compaixão é exatamente a raiz da iluminação. Chenrezig é compaixão em si mesma na forma de uma deidade. Chenrezig é o Buda, Chenrezig é o Dharma, Chenrezig é a Sangha; Chenrezig é o Lama, Chenrezig é o Yidam, Chenrezig é a Dakini; Chenrezig é o Dharmakaya, Chenrezig é o Sambhogakaya, Chenrezig é o Nirmanakaya; Chenrezig é Amitabha, Chenrezig é o Guru Rinpoche, Chenrezig é Arya Tara; e, acima de tudo, Chenrezig é nosso próprio lama-raiz. Como cem riachos passando sob uma única ponte, Chenrezig é a união de todos os budas. Receber suas bençãos é receber as bençãos de todos os budas, e realizar sua natureza é realizar a natureza de todos os budas.
Chenrezig tem aparecido nesta era obscura na pessoa de Guru Rinpoche, cuja sabedoria, compaixão e poder são mais ágeis do que os de qualquer outro buda, já que foi para beneficiar especificamente os seres desta era que ele fez suas preces de aspiração. Chenrezig manifesta formas infinitas: reis, mestres espirituais, homens e mulheres comuns, animais selvagens, até montanhas, árvores e pontes -- o que for necessário para preencher as necessidades dos seres sencientes. Até uma brisa suave num dia de calor escaldante ou um momento de alívio durante uma dolorosa doença são manifestações da compaixão de Chenrezig.
De modo similar, o mantra de seis sílabas de Chenrezig, OM MANI PADME HUM, é a sabedoria compassiva de todos os budas na forma de som. Dentro dele está contido o significado essencial de todos os 84 mil ensinamentos de Buda. De todos os diversos mantras de vários tipos, como os mantras de estado desperto, dharanis e mantras secretos, nenhum é superior ao mantra de seis sílabas de Chenrezig. Os enormes benefícios da recitação desse mantra, conhecido como "mani", são descritos muitas vezes tanto nos sutras quanto nos tantras. Costuma-se dizer que recitar o mani mesmo uma única vez é o mesmo que recitar na íntegra os doze ramos dos ensinamentos do Buda. Recitar as seis sílabas do mani torna perfeitas as seis paramitas e bloqueia firmemente qualquer possibilidade de renascimento nos seis reinos do samsara. É uma prática simples, fácil de compreender e acessível a todos, e ao mesmo tempo contém a essência do Dharma. Se você tomar o mani como refúgio, tanto na felicidade quanto na tristeza, Chenrezig sempre estará com você. Você sentirá mais e mais devoção sem qualquer esforço, e por si só toda a realização do caminho Mahayana vai despertar no seu ser.
Segundo o Sutra Karandavyuha, se você recitar 100 milhões de manis, toda a miríade de organismos vivos em seu corpo será abençoada por Chenrezig, e quando você morrer até a fumaça da cremação de seu corpo terá o poder de proteger qualquer um que a inalar do renascimento nos reinos inferiores.
Até uma única sílaba do mantra por si só -- OM, MA ou NI -- carrega um poder inimaginável para abençoar e liberar os seres. Costuma-se dizer que um buda é capaz de feitos extraordinários além da capacidade de qualquer outro ser, como dizer exatamente quantas gotas de chuva iriam cair durante uma tempestade que durasse doze anos. Mas mesmo ele não seria capaz de descrever inteiramente o mérito gerado por uma única recitação do mani. Se ele fosse começar tal descrição, mesmo que todas as florestas da terra fossem transformadas em papel, nunca haveria papel suficiente para escrever mais do que uma parte mínima.
Não há nada no mundo todo que pode realmente assustar e afastar o Senhor da Morte, mas a irradiação aconchegante da compaixão de Chenrezig pode acabar completamente com o terror que uma pessoa sente com a chegada da morte. Isto é o que quer dizer "refúgio absoluto". Totalmente livre do samsara, Chenrezig está sempre pronto para ajudar os seres sencientes, e mesmo seu movimento mais sutil -- um gesto de sua mão, um piscar de olhos -- tem o poder de nos liberar do samsara. Quando o invocamos recitando o mani, nunca devemos pensar que ele está longe demais para nos escutar, em algum distante campo búdico. Chenrezig está sempre ali com qualquer um que tenha fé nele. Nosso próprio obscurecimento nos impede de, efetivamente, ir para a Montanha de Potala na Terra Pura Exultante de Sukhavati para encontrá-lo face a face, mas na verdade sua compaixão jamais ignora nenhum único ser. Ele se manifesta constantemente em qualquer forma que possa beneficiar ao máximo os seres, particularmente na forma de grandes mestres espirituais. Então devemos compreender com convicção completa que Chenrezig, o protetor supremo que mostra a todos os seres sencientes o caminho da liberação, na verdade não é outro que o nosso lama-raiz.
A chuva de compaixão de Chenrezig cai em todo lugar nos campos dos seres sencientes imparcialmente; mas as mudas da felicidade não podem crescer onde as sementes da fé estão secas. Ter pouca fé é se fechar para o sol radiante de suas bençãos, como se você estivesse se trancando em um quarto escuro. Mas se você tem fé, não há distância, não há intervalo, entre você e as bençãos de Chenrezig.
Os ensinamentos do Senhor Buda são inconcebivelmente extensos e profundos. Adquirir uma exaustiva compreensão intelectual deles seria, realmente, um feito raro e digno de nota. Mas mesmo isso não seria suficiente por si só. A menos que alcancemos realização interior com a aplicação de fato dos ensinamentos, com eles unidos em nossa mente, qualquer conhecimento que adquirimos permanece teórico e vai servir apenas para aumentar nossa arrogância intelectual.
Nós temos lido muitos livros e ouvido muitos ensinamentos, mas isso não tem sido muito benéfico para a transformação verdadeira de nosso ser. Deixar a prescrição médica na cabeceira não vai curar a doença. Então volte sua mente para dentro e medite profundamente sobre o significado do Dharma até que ele permeie todo o seu ser.
É por isso que Patrul Rinpoche diz:
23. O que quer que eu saiba, deixei como teoria; não tem utilidade para mim agora.
O que quer eu tenha feito, gastei nesta vida; não tem utilidade para mim agora.
O que quer que eu pensei, foi tudo apenas ilusão; não tem utilidade para mim agora.
Agora já é tempo de fazer o que é realmente útil -- recitar o mantra de seis sílabas.
domingo, 8 de junho de 2008
Dharma: Os ensinamentos de Buda
As Quatro Verdades Nobres
A Realidade do Sofrimento - dukkha
A palavra Pali para dukkha, no uso comum significa 'sofrimento', 'dor', 'aflição'ou 'miséria'. Mas no contexto da Primeira Verdade Nobre, dukkha também significa 'imperfeição', ímpermanência', 'vazio', ínsubstancialidade'.
Existem três tipos de sofrimento:
Sofrimento Ordinário--dukkha-dukkha
Existem todos os tipos de sofrimento na vida: nascimento, envelhecimento, doença, morte, associação com pessoas ou condições desagradáveis, separação qaqueles a quem amamos ou de condições agradáveis, não obter o que desejamos, pesar, lamentação, agonia--todas as formas de sofrimento físico e mental.
Sofrimento produzido por mudança--virapinama-dukkha
Sentimentos ou condições felizes e agradáveis na vida não são permanentes. Mais cedo ou mais tarde elaes mudam. Quando eles mudam eles podem produzir dor, sofrimento, infelicidade ou desapontamento. Esta vicissitude é considerada viparimana-dukkha.
Sofrimento como Estados Condicionados --samkara-dukkha
Um 'indivíduo', um 'eu'ou um 'self' 'individual' é uma combinação de forças físicas e mentais em constante mudanças que podem ser divididas em cinco grupos ou 'agregados' (pancakkhandha). Sofrimento como estados condicionados é produzido pelo apego à esses cinco agregados:
•Matéria--rupakkhandha
•Sensações--vedanakkhandha
•Percepções--sannakkhandha
•Formações Mentais--sankharakkhandha
•Consciência--vinnanakkhandha
A Segunda Verdade Nobre
A Causa do Sofrimento-- samudaya
A Causa do Sofrimento-- samudaya
A causa principal do sofrimento é o apego ao "desejo"ou "paixão"(tanha). Ambos: desejo de ter (querer) e o desejo de não ter (aversão).
1. Desejo por sentir-prazeres--kama-tanha
O desejo por sentir prezeres se manifesta como o querer ter experiências agradáveis: o sabor de uma boa comida, experiências sexuais agradáveis, música prezerosa.
2. Desejo de se tornar--bhava-tanha
O desejo de se tornar é a ambição que vem quando se quer realizações ou reconhecimento ou fama. É a paixão para "ser alguem".
3. Desejo de se livrar de--vibhava-tanha
O desejo de se livrar de experiências desagradáveis na vida: sensações desagradáveis, raiva, medo, ciúmes.
O ater-se ao desejo vem de nossa experiência de que a satisfação de curto prazo vem do seguinte desejo. Nós ignoramos o fato de que a satisfação de nossos desejos não os elimina.
A Terceira Verdade Nobre
A Cessação do sofrimento-- nirodha
O fim do sofrimento é o não-apego, ou livrar-se do desejo ou paixão. Este é o estado de Nibbana, onde a ambição, o ódio e a desilusão são extintos.
Livrar-se da ligação dos cinco agragados do apego é o fim do sofrimento. Esta liberdade não é condicionada por causas, como são os estados condicionados: Nibbana é a não-ligação à experiência condicionada.
Para compreendermos o incondicionado, nós precisamos ver por nós mesmos que tudo que tem uma natureza para nascer tem uma natureza para morrer: que todo fenômeno que tem uma causa é impermanente. Ao se abrir mão do apego de se desejar um fenômeno condicionado, nós fazemos com que o desejo chege a um fim e nós poderemos nos libertar do sofrimento.
A Quarta Verdade Nobre
O Caminho das Oito Vias Nobres-- magga
O fim do sofrimento resultará no apoio do Caminho das Oito Vias Nobres--Ariya-Atthangika-Magga. Existem três qualidades que devem ser desenvolvidas para alcansar o Nirvana: Moralidade--Sila, Concentração--Samadhi, e Sabedoria--Panna.
1. Sabedoria--Panna
•Compreensão Correta--samma ditthi
•Pensamento Correto--samma sankappa
Sabedoria surge a partir da compreensão das três características da existência:
•todos os fenômenos condicionados são impermanentes
•todos os fenômenos condicionados não são pessoais
•ater-se ao desejo pelos fenômenos impermanentes nos leva ao sofrimento
"Compreensão Correta" do impermanente,da natureza não egóica dos fenômenos e que o apego à eles nos levam ao sofrimento nos coloca no caminho do "Pensamento Correto", i.e., a aspiração ou intenção para ser libertado do sofrimento e compreender a verdade.
Aprofundar-se na sabedoria é aprimorada quando o estilo de vida e a mente estão calmos através das práticas da Moralidade--Sila e da Concetração--Samadhi.
2. Moralidade--Sila
•Fala Correta--samma vaca
•Ação Correta--samma kammanta
•Meio de Vida Correto--samma ajiva
Aderência às diretrizes morais--preceitos--é uma protenção essencial para se causar sofrimento a si mesmo e aos outros. Enquanto essas diretrizes definem um código de disciplina, as virtudes que fazem surgir o comportamento moral podem também ser cultivadas com a prática de uma cultura do coração.
Existem cinco preceitos básicos que os praticantes do Budismo se submetem (Monges e Freiras se submetem a muitos mais). Uma análise moderna desses preceitos é oferecida pelo Monge Vietnamita Thich Nhat Hanh. Eles são:
1.Reverencia pela Vida (privar-se de matar)
2.Generosidade (privar-se de roubar)
3.Responsibilidade Sexual (privar-se de uma má conduta sexual)
4.Aprofundar a Escuta e Amar a Fala (privar-se de mentir)
5.Consumo Diligente (privar-se de ingerir intoxicantes)
No contexto do Caminho da Oito Vias, esses cinco preceitos implicam:
Fala Correta
Fala correta significa dizer a verdade e falar apropriadamente de acordo com o quarto preceito. Especialmente ela implica em se abster de mentir, fazer fofocas que trazem discórdias, linguagem rude e abusiva; tagarelice ociosa e imprestável.
Ação Correta
Ações corretas são as ações que são consistentes com os preceitos 1, 2, 3 e 5. Elas incluem as ações que mostram reverência pela vida, generosidade e conteção na conduta sexual.
Meio de Vida Correto
Meio de vida correto significa que a pessoa deveria ganhar a vida de uma forma que permita que todos os cinco preceitos floresçam. Lidar com armas, drogas, violência; exploração de outros e especulação não podem ser conduzivas para uma vida moral.
3. Concentração--Samadhi
•Esforço Correto--samma vayama
•Diligência Correta--samma sati
•Concentração Correta--samma samadhi
domingo, 1 de junho de 2008
OS TRÊS PILARES DO DHARMA
Praticar e compreender o Dharma é uma coisa rara e preciosa. Poucas pessoas no mundo são presenteadas com essa oportunidade. A maior parte das pessoas está rodando em círculos, levadas pela ignorância e desejo, inconscientes da possibilidade de saírem dessa roda de samsar a, a roda de cobiça e ódio. As oportunidades para praticar surgem por causa de algo que na língua páli se chama Parami. Cada momento mental que for livre de ambição, ódio e ilusão têm certa força purificadora no fluxo da consciência; e em nossa longa evolução acumulamos muitas dessas forças purificadoras dentro de nossas mentes. Onde houver uma grande acumulação desses fatores benéficos de não-avidez, não-ódio e não-ilusão, os Parami tornam-se fortes e resultam em todo tipo de felicidade, desde os prazeres sensuais mais mundanos até a mais elevada felicidade da iluminação. Nada acontece por acaso ou sem causa.
Há dois tipos de Paramis: pureza de conduta e pureza de sabedoria. As forças de purificação envolvidas na correta conduta tornam-se a causa de vizinhanças felizes, circunstâncias agradáveis, relacionamentos felizes e a oportunidade de ouvir o Dharma.
O outro tipo de Paramis, a pureza de sabedoria, desenvolve-se pela prática do correto compreender e torna possível o crescimento da percepção, do insight. Ambos os tipos de Paramis, essas duas forças de purificação, devem ser desenvolvidas para que tenhamos a chance de praticar o Dharma e, depois, a sabedoria para compreendermos.
Há três pilares do Dharma, três campos de ação que cultivam e reforçam os paramis. O primeiro deles é a generosidade. Dar é a expressão do fator mental não-avidez em ação. Não-avidez significa ceder, abrir mão, não segurar, não agarrar, não se enganchar. Toda vez que dividimos algo ou damos algo a alguém, isso reforça o fator benéfico, até que se torna uma força mental poderosa. Segundo Príncipe Buda Siddhartha Gautama: “Se soubéssemos como ele sabia qual o fruto do ato de dar, nós não deixaríamos passar nem sequer uma simples refeição sem dividi-la”. Os resultados cármicos da generosidade são a abundância e relacionamentos profundamente harmoniosos com as outras pessoas. Dividir, compartilhar o que temos é uma forma linda de nos relacionarmos com os outros e nossas amizades ficarão muito intensificadas pela qualidade da generosidade. Ainda mais significante é que o cultivo da não-avidez torna-se uma grande força de liberação. O que nos mantém presos é o desejo e o apego em nossas mentes. À medida que praticamos o dar, aprendemos a ceder, a abrir mão.
Diz-se que há três tipos de doadores. O primeiro são os doadores mendigos. Dão após muita hesitação e ainda assim apenas as sobras, o pior do que eles possuem. Eles pensam: "Será que eu deveria das ou não? Talvez sejam coisas demais?" E finalmente talvez se desfaçam de algo que realmente não queriam. Dadores amigáveis são pessoas que dão aquilo que elas próprias usariam. Dividem o que têm com menos deliberação, mais mãos-abertas. O mais elevado tipo de doadores são os doadores reais ou nobres que oferecem o melhor do que têm. Eles compartilham espontaneamente sem precisar deliberar. Dar tornou-se natural em sua conduta. A não-avidez é tão forte em suas mentes que em cada oportunidade que têm, eles dividem aquilo que é mais cobiçado, de forma solta e amorosa. Para algumas pessoas, doar é difícil; a ganância é forte e há muitos apegos. Para outros a generosidade vem facilmente. Não importa. De qualquer lugar do qual estejamos começando, simplesmente começamos a praticar. Cada ato de generosidade lentamente enfraquece o fator avidez. Compartilhar abertamente é uma forma linda de viver no mundo e, através da prática, podemos nos tornar doadores reais.
Há dois tipos de consciência que estão envolvidos em nossos atos. Uma delas é a "consciência induzida": a mente que considera e delibera antes de agir. A outra é a chamada "consciência não-induzida" e é muito espontânea. Quando uma ação específica foi bem cultivada, não há mais necessidade de deliberar. Essa consciência não-induzida, muito espontânea, opera bem no momento. Através da prática, desenvolvemos o tipo de consciência em que dar se torna a expressão natural da mente. Devemos cultivar a generosidade a partir da compaixão e do amor por todos os seres. Em muitos discursos, o Buda incitou as pessoas a praticarem a doação até que ela se tornasse uma expressão fácil, sem esforço, da compreensão. A generosidade é um grande Parami: figura como a primeira das perfeições do Buda. À medida que vai sendo cultivada, torna-se causa de grande felicidade em nossas vidas.
O segundo pilar ou sustentáculo do Dharma, ou campo de ações purificadoras, é a abstenção moral. Isso significa seguir os cinco preceitos básicos: não matar, não roubar, não cometer desregramento sexual, não utilizar discurso errado e não utilizar tóxicos que turvam a mente e a tornam embaraçada.
Todos os seres querem viver e ser felizes; todos os seres desejam ser livres da dor. É um estado mental muito mais leve preservar a vida do que destruí-la. É muito melhor remover gentilmente um inseto de dentro de nossas casas e colocá-lo para fora do que matá-lo. É ter reverência por todos os seres vivos.
Não roubar significa abster-se de tirar as coisas que não nos foram dadas.
Má conduta sexual ou desregramento sexual é mais facilmente entendido como abstenção de ações sensuais que causem dor ou prejudiquem os outros, ou turbulência e distúrbio em nós mesmos.
Abster-se do discurso incorreto significa não apenas dizer a verdade, mas evitar todo tipo de conversa frívola ou inútil. Muito do nosso tempo é perdido em fofocas. As coisas surgem em nossa mente e falamos sem considerar sua utilidade. Restrição no discurso é muito útil para tornar a mente pacificada. Não usar linguagem rude ou abusiva. Nosso falar deve ser gentil, cultivando harmonia e unidade entre as pessoas.
Abster-se de tóxicos: Ao caminharmos no caminho da iluminação, em direção à liberdade e clareza da mente, também não é muito útil usar coisas que nublam nossa mente, tornando-a embaraçada. O descuido no uso de tóxicos enfraquece sobremaneira nossa resolução de mantermos os outros preceitos.
A importância e o valor dos preceitos está em muitos níveis. Eles agem como uma proteção para nós, uma guarda contra a criação de carma maléfico. Todos esses atos dos quais nos refreamos, nos abstemos, envolvem motivos de avidez, ódio ou ilusão e são carmicamente produtores de dor e sofrimentos futuros. Enquanto a atenção ainda estiver sendo desenvolvida e, às vezes, não estiver ainda muito forte, a resolução de seguir os preceitos servirá como um aviso quando vocês estiverem a ponto de cometer algum ato ruim. Atos inúteis ou ruins também causam um peso e escuridão mental no momento em que os praticamos. Cada ação útil, boa, cada refrear de atividades maléficas, traz leveza e claridade. Se vocês observarem cuidadosamente a mente ao fazerem qualquer atividade, vocês começarão a perceber que toda atividade baseada na ganância, no ódio ou ilusão causa peso para surgir. Seguir esses preceitos morais como regras para viver nos mantém leves e permite que a mente seja aberta e clara. É uma forma muito mais fácil e menos complicada de viver. Neste nível de compreensão, os preceitos não são entendidos como mandamentos e sim seguidos pelo efeito que têm sobre a nossa qualidade de vida. Não existe o sentido de imposição de forma alguma porque eles são a expressão natural de uma mente clara.
Os preceitos têm um significado ainda mais profundo no caminho espiritual. Eles libertam a mente do remorso e da ansiedade. Culpa a respeito de ações do passado não ajuda muito e mantém a mente agitada. Ao estabelecer uma pureza de ações no presente, a mente torna-se mais facilmente tranqüila e penetrante. Sem concentração, o insight é impossível. De modo que um alicerce na moralidade torna-se a base do desenvolvimento espiritual.
O terceiro campo de atividade purificadora é a meditação. A meditação está dividida em duas correntes principais. A primeira é o desenvolvimento da concentração, a habilidade da mente permanecer firme sobre um objeto, sem vacilar nem passear. Quando a mente está concentrada há um grande poder de penetração. A mente que está espalhada, dividida, não consegue enxergar a natureza do corpo e da mente. Mas concentração apenas não é suficiente. A poderosa força da mente precisa ser utilizada à serviço da compreensão, que é o segundo tipo de meditação: o cultivo do insight, da percepção. Isto significa ver claramente o processo das coisas, a natureza de todos os Dharmas.
Dharma: é a lei natural ou da realidade. Conhecido como Caminho da verdade Superior.
Samsar: é a perpétua repetição do nascimento e morte, desde o passado até o futuro, através de seis ilusórios reinos: inferno dos demônios famintos, dos animais, Asuras ou demônios Belicosos, Ser humano, e da bem-aventurança. A menos que desperte a perfeita sabedoria, ou seja, iluminado, não se poderá escapar dessa roda da transmigração.
Páli: uma forma de sânscrito simplificada originada na Europa por budista
Parami: práticas para adquirir o Dharma.
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